A economia da União Europeia caminha para uma recessão — ao menos é o que indicam os analistas da BCA Research. Segundo eles, há sinais claros de uma recessão moderada no horizonte, com impactos mais visíveis previstos para o meio deste ano. Resta saber se essa previsão vai realmente se concretizar.

O principal fator de agravamento, segundo a BCA, é a política tarifária agressiva do governo de Donald Trump. As tarifas impostas pelos Estados Unidos estariam acentuando um ambiente econômico já fragilizado dentro do bloco europeu.

De acordo com a análise, as novas medidas comerciais adotadas pela Casa Branca devem pressionar os lucros das empresas, reduzir os investimentos e minar ainda mais a confiança do setor produtivo na região.

Com o aumento da tarifa média dos EUA para 22% — o maior nível desde 1910 —, a zona do euro tende a ser diretamente impactada. O cenário, que já era preocupante devido à queda na produção industrial, retração nos investimentos e dificuldades no comércio varejista em diversos países da UE, torna-se ainda mais vulnerável.

Entre os setores mais afetados, destaca-se o automotivo, particularmente sensível às tarifas americanas de até 25%. Pesquisas do Peterson Institute for International Economics apontam que, nesse contexto, o crescimento do PIB da Alemanha pode cair 0,25 ponto percentual; o da França, 0,12 p.p.; e o da Itália, 0,15 p.p.

Como se não bastasse, a Europa também sofre com o redirecionamento de exportações chinesas. Diante do aumento das tarifas americanas para 64%, fabricantes chineses passaram a mirar o mercado europeu. Para os analistas da BCA, isso pode levar à repetição do cenário observado durante a guerra comercial entre EUA e China em 2018–2019, quando a entrada de produtos chineses contribuiu para uma deflação na zona do euro — o que enfraqueceria ainda mais a conjuntura atual.

Nesse clima de incerteza e desconfiança, o sentimento dos investidores continua em deterioração. As previsões de lucro estão sendo revistas para baixo, as margens de ganho encolhem, e os planos de investimento são colocados em espera.

Diante desse conjunto de fatores, a BCA conclui que o ambiente negativo tende a provocar uma forte retração dos investimentos e uma desaceleração significativa no crescimento do PIB da zona do euro.